
A Justiça do Rio de Janeiro concedeu, nesta sexta-feira (4), uma liminar proibindo a TV Globo de exibir documentos sigilosos das investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A decisão foi tomada pela juíza de primeira instância Cristina Feijó, atendendo a um pedido da defesa do senador.
Até o momento, a Globo não se manifestou oficialmente, mas deve recorrer e tentar reverter essa censura. Flávio Bolsonaro, investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) no caso da rachadinha, tem um histórico de tentativas de barrar investigações: já acionou a Justiça pelo menos nove vezes para frear o inquérito.
Mas, ao invés de provar sua inocência colaborando com a Justiça, o senador segue tentando trancar o caso. Afinal, já viu algum bêbado admitir que está bêbado?
Censurar a imprensa é um absurdo. A única forma legítima de combater uma acusação é com provas, não com ataques à liberdade de expressão. Se uma reportagem levanta suspeitas de corrupção, a melhor resposta seria apresentar evidências de que não há irregularidades, e não recorrer à Justiça para esconder documentos.
Atacar a imprensa, disseminar ódio contra jornalistas e promover censura prévia é atitude de quem tem algo a esconder. Se não há irregularidades, por que tanto medo? Certas atitudes acabam apenas reforçando as suspeitas.
Enquanto isso, Flávio Bolsonaro comemora a censura em suas redes sociais:
“Acabo de ganhar liminar impedindo a #globolixo de publicar qualquer documento do meu procedimento sigiloso. Não tenho nada a esconder e expliquei tudo nos autos, mas as narrativas que parte da imprensa inventa para desgastar minha imagem e a do Presidente @jairmessiasbolsonaro são criminosas. Juíza entendeu que isso é altamente lesivo à minha defesa. Querer atribuir a mim conduta ilícita, sem o devido processo legal, configura ofensa passível, inclusive, de reparação.”
O discurso já é conhecido: quando a imprensa incomoda, os aliados do governo tentam calá-la. Mas censura não apaga os fatos.
Se Flávio Bolsonaro não tem nada a esconder, por que tanto esforço para impedir que as investigações venham à tona?