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Análise crítica da repercussão nacional do atentado contra o prefeito de Tabocas do Brejo Velho

O imediatismo e a busca pela audiência e pela repercussão, prejudicam uma apuração aprofundada

ESTOU FAZENDO ESSA ANÁLISE CRÍTICA PORQUE DEFENDO QUE TODA APURAÇÃO JORNALÍSTICA DEVE SER RIGOROSA, ISENTA E IMPARCIAL NA MEDIDA DO POSSÍVEL. O ATENTADO CONTRA O PREFEITO DE TABOCAS DO BREJO VELHO DURANTE A CERIMÔNIA DE POSSE NO DIA 1º DE JANEIRO DE 2021, ACONTECEU PRATICAMENTE DEBAIXO DO MEU NARIZ. ESTAVA FAZENDO A COBERTURA DO EVENTO E ERA O ÚNICO JORNALISTA NO LOCAL. NA OCASIÃO, COLETEI AS INFORMAÇÕES PRELIMINARES E PUBLIQUEI ESPECIFICANDO QUE MAIS INFORMAÇÕES SERIAM ACRESCENTADAS QUANDO TERMISSE A APURAÇÃO DOS FATOS. IMAGINEI QUE TERIA REPERCUSSÃO NACIONAL, APENAS NÃO ESPERAVA QUE A MÍDIA COMERCIAL NACIONAL USURPASSE MEU CONTEÚDO, ALTERANDO AS INFORMAÇÕES, DANDO UMA NOTÍCIA SEM FAZER UMA APURAÇÃO PROFUNDA E SEM DAR OS DEVIDOS CRÉDITOS.

No dia 1º de janeiro de 2021 aconteceu algo inusitado em Tabocas do Brejo Velho, no Oeste da Bahia: o novo prefeito da cidade Flávio da Silva Carvalho (PP), de 49 anos, sofreu um atentado. Uma enxada foi arremessada em sua direção, mas não o feriu. Imediatamente, coletei as informações preliminares e publiquei na Folha Geral especificando que mais informações seriam acrescentadas depois da apuração completa.

No entanto, os veículos de comunicação nacional não esperaram a apuração completa e nem sequer fizeram uma apuração dos fatos, apenas pegaram minhas informações preliminares, parafrasearam/reproduziram o meu texto e publicaram sua versão superficial sem ao menos dar os devidos créditos. Alguns veículos de comunicação como o UOL e G1 da Globo, usaram a imagem da Folha Geral TV sem dar os créditos e apontaram o presidente da Câmara de Vereadores de Tabocas como o prefeito. No momento do atentado quem discursava era o presidente da Câmara Municipal Valdemir Almeida de Deus (PL), enquanto o prefeito estava à esquerda, próximo à janela e não aparece na imagem.

(Imagem: Reprodução/UOL)
(Imagem: Reprodução/UOL)

Na imagem acima, o UOL erra ao dizer que o presidente da Câmara é o prefeito. Já o G1 da Globo se apropriou das imagens da Folha Geral TV, removeu o logotipo da Folha Geral e não deu os créditos, além de noticiar de forma superficial.

(Imagem: Reprodução/G1/Globo)
(Imagem: Reprodução/G1/Globo)
(Imagem: Reprodução/Globoplay)
(Imagem: Reprodução/Globoplay)

Realmente houve uma falha na segurança, o autor entrou pela porta dos fundos da Câmara e cometeu o ato, mas foi identificado pela Guarda Municipal que o perseguiu sem captura. A Polícia Militar não fez nada porque não foi dado o flagrante e nem investiga porque é função da Polícia Civil que não tem na cidade. O infrator trata-se de um adolescente com problemas psicológicos e estava sob efeitos de drogas. Segundo informações, ele foi orientado a cometer o ato por um homem insatisfeito com uma suposta conversa que teve com o novo gestor, sendo que esse indivíduo é da própria base de apoio do prefeito. O autor do atentado e o suposto mandante estão foragidos.

Dias depois, a Câmara solicitou investigação da Polícia Civil regional, mas não deu detalhes, não notificou a imprensa e até o momento, não deu nenhuma resposta e, para quem não sabe, aqui no interior da Bahia não é tão fácil obter respostas de autoridades.

Falha da imprensa nacional

Apesar de a Folha Geral ser uma mídia confiável, com credibilidade e profissionalismo, não justifica a falta de checagem dos fatos. Eu por exemplo, não confio na mídia comercial, sempre comparo os textos, analiso a versão de cada autor e checo os fatos quando possível. E quando tenho dúvida, responsabilizo o veículo que publicou ou o autor que assina, mas não publico nenhuma informação sem apuração adequada.

Como a Folha Geral foi a primeira mídia a noticiar o ocorrido, os demais veículos pegaram as informações dessa reportagem parafrasearam/reproduziram e publicaram com as informações iniciais, pois eu ainda estava apurando os fatos com as autoridades competentes. No texto estava bem claro que as informações eram iniciais, que mais tarde seria feita uma atualização. No entanto, nenhum veículo se importou em verificar essa atualização, deixando sua publicação com informações incompletas.

Na atualização inclui que o autor foi identificado, que tem um suposto mandante, que uma vereadora teve ferimentos leves, que a cerimônia prosseguiu de portas fechadas e que foi escolhido o novo presidente da Câmara. Nenhum veículo atualizou seu texto com essas novas informações. Bastou o UOL e o G1 parafrasear meu texto com informações iniciais para que a versão deles fossem confiáveis. Mas erraram quando usaram as informações do vídeo. Quem disse ao UOL e ao G1 que o homem que aparece na imagem é o prefeito? Não é o prefeito como já disse, mas sim o presidente da Câmara. Como esses portais de grande audiência e defensores da sua própria credibilidade afirmam algo sem verificar a autenticidade? Falhou na apuração!

Alguns veículos de comunicação deram os créditos à Folha Geral, mas com versão modificada do texto (superficial), outros nem deram os créditos, citaram “segundo informações de jornais locais” e a maioria plagiaram meu texto, sem citar a Folha Geral. Não estou cobrando reconhecimento da minha reportagem, porque optei por não assinar o texto, que foi assinado pela Redação Folha Geral, o que estou criticando é a forma da mídia nacional noticiar um fato sério sem apuração e checagem adequada.

O imediatismo e a busca pela audiência e pela repercussão, prejudicam uma apuração aprofundada.

Isso prova que o jornalismo comercial não está preocupado com o que acontece, mas com a audiência. Em muitos casos é mais fácil reproduzir de forma parcial/total ou parafrasear uma reportagem do que produzir o conteúdo. Porém, dar os créditos além de ser obrigatório é ético. A Globo, o UOL e outros veículos se apropriaram das imagens da Folha Geral TV de forma indevida, sem dar os devidos créditos. Coisa feia!

Analise o texto de cada veículo de comunicação que noticiou o atentado e compare com a versão atualizada, após apuração completa da Folha Geral.

Adamy Gianinni

Bacharel em Jornalismo 🎓❤️.
• Especialista em Gestão de Mídias Digitais
• Especialista em Liderança e Gestão Pública
• Cursando Sup. Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
• Escritor iniciante e profissional de TI. O conhecimento é tudo! 🦉

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