O influenciador Felipe Neto publicou um vídeo em tom satírico anunciando sua “candidatura à presidência da República”. O conteúdo imita uma propaganda política tradicional, com slogan, jingle e discurso típico de campanha. Tudo isso com uma referência direta ao livro 1984, de George Orwell, em crítica à manipulação midiática.
A pegadinha era óbvia para quem conhece seu conteúdo, mas ainda assim vários perfis e páginas de notícias publicaram o vídeo como se fosse um anúncio real, sem qualquer apuração ou checagem básica. A ironia se perdeu — e o ponto da crítica ficou ainda mais evidente.
Este é exatamente o padrão que eu sempre critiquei.
A imprensa, cada vez mais imediatista e movida a cliques, atropela o básico do jornalismo: verificar os fatos. Se nem mesmo uma sátira assumidamente inspirada em 1984 é analisada antes de virar notícia, o que mais está sendo reproduzido sem filtro?
Essa história não é sobre política, nem sobre fama. É sobre como a mídia tradicional caiu na própria armadilha: a superficialidade travestida de urgência.
No fim das contas, o vídeo de Felipe Neto acabou sendo uma demonstração prática do que Orwell descreveu em 1984: a verdade se torna irrelevante quando a narrativa é moldada para gerar impacto, não compreensão.