Durante mais de seis anos, atuei como assessor de imprensa da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Tabocas do Brejo Velho, no Oeste da Bahia. Mas minha relação com a comunicação da Igreja começou bem antes disso. Ainda como devoto e voluntário, criei um site e um perfil no Instagram não oficiais, com o objetivo simples, mas profundo: homenagear a padroeira da minha cidade e fortalecer a identidade religiosa da comunidade.
Quando fui convidado a assumir oficialmente a comunicação da paróquia, entreguei esses canais à administração da Igreja, acreditando estar fazendo o que era certo: institucionalizar um trabalho que já era, de fato, parte do cotidiano da vida paroquial.
Com o tempo, o site foi descontinuado após uma troca de padres. O Instagram, no entanto, permaneceu. Ali estavam reunidos registros importantes: celebrações, festas religiosas, ações sociais, encontros, momentos de fé e memória. Era mais do que uma rede social — era um acervo vivo da comunidade.
Fiquei sabendo por comentários que o novo pároco estaria enfrentando dificuldades para acessar o perfil. Cheguei a pensar que talvez fosse só um impasse técnico. Mas, para minha surpresa, o perfil simplesmente desapareceu. Não recebi aviso, não houve qualquer tentativa de contato ou de recuperação.

Ressalto que, por não ter mais acesso à conta, não posso afirmar com certeza quem realizou a exclusão nem em quais circunstâncias. O que posso afirmar é que o conteúdo construído com tanto esforço e significado foi apagado — e isso, por si só, já representa uma perda irreparável para a memória digital da paróquia.
Não questiono o direito de cada novo responsável implementar sua forma de gestão. Mas há um abismo entre renovar e anular. E o que mais me incomoda não é a exclusão do perfil em si — é a falta de respeito pelo trabalho voluntário, pela memória da comunidade e pela importância que aquilo teve para tantas pessoas.
Redes sociais da Igreja não são vitrines pessoais. São ferramentas de evangelização, sim, mas também de memória. Apagar o que foi feito é um desrespeito com todos que contribuíram e participaram. E, acima de tudo, com a própria história da paróquia.
Não escrevo este texto por vaidade ou apego. Escrevo porque acredito que preservar a memória é um ato de responsabilidade. Porque uma paróquia não começa do zero a cada troca de pároco — ela é construída com o tempo, com esforço coletivo, e com o respeito à caminhada de quem veio antes.
Quando criei o Instagram, também desenvolvi voluntariamente um site dedicado à padroeira. O site foi desativado durante uma gestão anterior, mas o perfil no Instagram permaneceu — até ser excluído de forma arbitrária.
Se soubesse que todo esse trabalho terminaria assim, teria retomado a propriedade antes de encerrar minhas atividades na paróquia. Não por apego, mas para preservar o que pertence à memória da comunidade, não a interesses passageiros.
Veja como era o site que creiei voluntariamente e o mantive com recursos próprios até ser desativado:
